Não quero, desta vez, sair contando. Quero experimentar um pouco a descoberta de sentir calada, de não ser "descoberta". Do silêncio.
Mas é inevitável não escrever. Sabe, se não posso falar, escrevo, pois sinto de forma tão arrebatadora, quente e sincera. Sou tão à flor da pele que uma hora, mais cedo ou mais tarde, transborda a ponto de eu não conseguir segurar, que dessa vez, então, eu desabafe com a folha.
Quero dizer, o que você acha de mim afinal? Poderia dizer? Você conseguiria?
Você mesmo que só conseguiu me ver de longe, mas nunca quis tentar conversar comigo, me conhecer, era perda de tempo.
Ou você que me causa frio na barriga e sonhos intermináveis todas as noites. Sem falar dos constantes pensamentos durante o dia.
Logo você, o que poderia dizer?
A minha vontade é não depender mais do que os outros pensam a meu respeito. Queria não poder sentir essa agonia. Mas nem toda vontade pode ser saciada, estou aprendendo isso. Tenho de aprender.
Mas da vontade vem o querer e do querer vem o sonhar. E sonhar meu bem, não arranca pedaço, não se cria uma ilusão. Sonhar nos da força para que, antes de tudo, comecemos a pensar, a cuidar de nós mesmos. "Seja agradável e os outros se aproximarão" é verdade, e eu demorei a perceber isso. Demorei mesmo.
Mas eu ainda tenho 18 anos! E mesmo se eu tivesse 80 eu ainda poderia sonhar."
It Never Ends - Iris Medeiros da Fonceca. 28 de Agosto de 2010
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CLUBE DA ESQUINA N°2
Márcio Borges
Porque se chamava moço
Também se chamava estrada
Viagem de ventania
Nem se lembra se olhou pra trás
Ao primeiro passo, asso, asso
Asso, asso, asso, asso, asso, asso
Porque se chamavam homens
Também se chamavam sonhos
E sonhos não envelhecem
Em meio a tantos gases lacrimogênios
Ficam calmos, calmos
Calmos, calmos, calmos
E lá se vai mais um dia
E basta contar compasso
E basta contar consigo
Que a chama não tem pavio
De tudo se faz canção
E o coração na curva
De um rio, rio, rio, rio, rio
E lá se vai...
E lá se vai...
E o rio de asfalto e gente
Entorna pelas ladeiras
Entope o meio-fio
Esquina mais de um milhão
Quero ver então a gente, gente
Gente, gente, gente, gente, gente
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